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Ex-trabalhadores por conta de outrém que se alforriaram e seguiram rumos completamente distintos!

segunda-feira, março 23, 2009

A morte

Saiu hoje no diário Espanhol, El Pais, um artigo muito interessante sobre a Morte: La cultura del luto vive su propia revolución.

Fala de como a nossa sociedade, hoje um pouco acelerada, quer impor à dor da morte um ritmo demasiado rápido. Fala de como as pessoas preferem tomar um comprimido para apagar a dor do que vive-la até que se sare. Quando fazes um golpe no dedo o procedimento é fazer com que pare de sangrar e limpa-lo para que nao haja infecçoes. Depois ele cura-se sozinho. Apenas temos de ter cuidado para nao fazer demasiado esforço com essa parte do corpo.

Pois bem, quando perdes um ente querido, nao podes querer que a ferida desapareça por magia. " La sociedad actual no deja hueco al dolor, al sufrimiento. La exigencia social es que al mes de la muerte de un ser querido ya tenemos que estar bien, pero no es así. El duelo hay que reconocerlo, vivirlo y expresarlo".

Uma das formas de superar essa dor reside precisamente no ritual. Da mesma forma que quando fazemos yoga a única forma eficaz de obter resultados é transformar a prática num ritual consciente, também a curaçao é questao de ritual. Se nao "enterramos" os nossos entes queridos é como se eles ficassem em alguma regiao entre a vida e a morte. Este enterro é um puro acto simbólico, que nao deixa no entanto de ser essencial. Muitas terapias alternativas encontram em actos simbólicos uma forma de curar feridas psicológicas profundas. Estes rituais nao tem por que ser religiosos, nem sequer necessitam de ser executados na presença do corpo. Qualquer simbolo é válido.

Outra questao importante é in/ex clusao das crianças destes actos. A morte é neste momento uma espécie de tabu. Há que poupar as crianças a estes actos escuros e tenebrosos!! Claro que depois a tia ou irmao que perdem fica perdido no interior dessa criança que quando se torna um adulto leva consigo essa carga. As escolas hoje têm educaçao sexual, mas nao têm educaçao para a morte e reparem que eu posso escolher ser celibatário, mas nao posso escolher viver para sempre.

A vida levou a minha mae quando eu tinha 10 anos. Eu, por opçao, pedi ao meu pai para nao me levar ao enterro. Nao sei porque nao quis ir. A questao que me planteio hoje é que a minha mae continua por enterrar dentro de mim. Nao sei quando, nem como, mas terei de o fazer no futuro.

1 Comentários:

  • Às 23 março, 2009 15:36 , Anonymous Anónimo disse...

    Estoy de acuerdo, si somos partícipes de los actos que acontecen en la vida, cómo no presenciar del mismo modo los actos que rodean la muerte, ¿ no son la vida y la muerte extremos de un mismo hilo que conduce nuestra existencia ? Pero amor, nunca es tarde para seguir avanzando un poco más...

     

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