Que loucura
Erasmo, no seu famoso Elogia da Loucura (Encomium Moriae) atribui os males do mundo a uma doença que a todos afecta: a Loucura ou Estultícia, dos quais nem os sumos pontífices escapam apesar de viverem com a palavra de Cristo em si. Escrito em 1509 e editado pela primeira vez em Paris é um sátira extraordinária e extremamente ousada tenda em conta o ambiente de repressão da época perante as mentes livres e pensadoras. Há que ter em conta o contexto espacio-temporal ao interpretar as palavras abaixo transcritas.
Se os sumos pontífices, que representam Cristo, procurassem imitar a vida dele, na pobreza, nos trabalhos, na doutrina, na cruz, no desprezo pela vida, se cogitassem acerca do nome do Papa, que quer dizer pai, e do cognome de Santíssimo, haveria na terra homens mais aflitos?(…) De quantas comodidades teria de se privar, se alguma vez se apoderasse deles a sapiência?(…) Bastava uma mica daquele sal de que Cristo falou.
Tanta opulência, tantas honras, tantos troféus, tantas vitórias, tantos ofícios, tantas dispensas, tantos impostos, tantas indulgências, tantos cavalos, mulas, satélites e volúpias! (…) Mas no lugar deles colocai vigílias, jejuns, lágrimas, orações, sermões, estudos, penitências e mil outros labores do mesmo género. (…)
Estimam que Cristo está satisfeito com eles(…)
Contudo o Evangelho diz: “Deixamos tudo para te seguir”, consideram patrimónios, campos, vilas, tributos, impostos, riquezas. Mas, Para conservarem tudo isso, incendiado pelo zelo de Cristo, combate a ferro e fogo, não sem grande dispêndio de sangue cristão.(…)
Fundada pelo sangue, confirmada pelo sangue, aumentada pelo sangue, a Igreja Cristã continua a ter papas que a governam pela espada, como se Cristo não a defendesse de outra maneira.
Se os sumos pontífices, que representam Cristo, procurassem imitar a vida dele, na pobreza, nos trabalhos, na doutrina, na cruz, no desprezo pela vida, se cogitassem acerca do nome do Papa, que quer dizer pai, e do cognome de Santíssimo, haveria na terra homens mais aflitos?(…) De quantas comodidades teria de se privar, se alguma vez se apoderasse deles a sapiência?(…) Bastava uma mica daquele sal de que Cristo falou.
Tanta opulência, tantas honras, tantos troféus, tantas vitórias, tantos ofícios, tantas dispensas, tantos impostos, tantas indulgências, tantos cavalos, mulas, satélites e volúpias! (…) Mas no lugar deles colocai vigílias, jejuns, lágrimas, orações, sermões, estudos, penitências e mil outros labores do mesmo género. (…)
Estimam que Cristo está satisfeito com eles(…)
Contudo o Evangelho diz: “Deixamos tudo para te seguir”, consideram patrimónios, campos, vilas, tributos, impostos, riquezas. Mas, Para conservarem tudo isso, incendiado pelo zelo de Cristo, combate a ferro e fogo, não sem grande dispêndio de sangue cristão.(…)
Fundada pelo sangue, confirmada pelo sangue, aumentada pelo sangue, a Igreja Cristã continua a ter papas que a governam pela espada, como se Cristo não a defendesse de outra maneira.
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