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Ex-trabalhadores por conta de outrém que se alforriaram e seguiram rumos completamente distintos!

terça-feira, abril 19, 2005

Necessidades e desejos

Se perguntarem a uma criança de que coisa necessita para viver, uma das respostas mais comuns é: Televisão. Então pergunta-se-lhe: Mas precisas mesmo da televisão?.... Ah, não, mas, queres que viva sem televisão? No fundo é mais um desejo de ver TV do que a necessidade.
Outro exemplo flagrante é a comida: Apetece-me mesmo um bolo! Quantas vezes nos interrogamos se realmente precisamos do bolo. Tenho tanta fome que comia um boi!. Expressão tipicamente portuguesa que denuncia o desconhecimento do significado da palavra fome (a ainda bem que assim é).
Somo seres sociais, espirituais e mentais. A nossa mente exerce sobre nós uma grande influência. Continuando na área gastronómica. Muitas vezes quando dizemos que nos apetece um bolo é porque temos na nossa memória o prazer que tivemos em comer um outro bolo num momento passado. Esta memória cria em nós o desejo de comer outro bolo quando na realidade não temos necessidade. Contudo come-mo-lo. Faze-mo-lo porque temos essa possibilidade, essa escolha. Aliás, um grande leque de possibilidades muitas vezes só nos dificulta a tarefa. Quantas horas passamos em frente às prateleiras do supermercado a decidir entre Compal, Frutis ou Sumol!!?
Contudo no nosso mundo existem muitas pessoas que não têm que não têm essa possibilidade. Tudo o que podem é satisfazer as suas necessidades básicas. Podem pensar nos pobres coitados que habitam nos ditos países de terceiro mundo com um rendimento de um euro por dia e que ainda assim sorriem mais que nós. Mas ao nosso lado existem muitas pessoas que também sobrevivem. Pessoas que vivem com uns meros 345 Euros por mês. Não estou a falar do nosso pouco qualificado Portugal (sempre na cauda da Europa, mas no topo do mundo). Falo da gigante e rica Alemanha onde um jornalista resolveu experimentar viver com o subsídio atribuído pelo governo aos mais pobres: Hartz IV (uma espécie de rendimento mínimo garantido, que entretanto mudou de nome para não parecer tão socialista: passou a rendimento social de inserção).
Foi então que constatou que não morreu de fome, que conseguiu arranjar fontes de rendimento nos locais mais incríveis. Aprendeu a ler o jornal na biblioteca e a tomar pequeno-almoço com a Caritas. Abdicou de muitas coisas: pratos caros, cinema, teatro, CD’s, mas conseguiu …. sobreviver. Até porque lhe faltou alguns euros para pagar a conta da luz.
Numa sociedade que se considera desenvolvida, até quando é que se pode dar ao luxo de ter milhares de pessoas a sobreviver? E o mundo?
Quanto a nós, que temos a sorte de ter tempo para ler e /ou escrever coisas como estas, resta-nos pelo menos contribuir para que situações como esta não se agravem aprendendo a distinguir entre o que queremos e o que precisamos.

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