Fédon- Teoria das Ideias I
Classificação do corpo e da alma
Sócrates: Admitirão o Igual e o Belo em si mesmo [...] alguma vez a mínima mudança?
Cebes: Necessariamente.
Sc: E quanto à multidão de seres belos, como homens, cavalos, vestidos [...] quer sejam iguais, quer belos [...] permanecem sempre os mesmos?
Cb: É como dizes, jamais permanecem os mesmos?
Sc: [...] os podes tocar, ver ou perceber por meio de qualquer dos sentidos, ao passo que as coisas que são sempre da mesma maneira não é possível apreende-las, a não ser o pensamento, portanto são invísiveis e não as alcançam os olhos?
Cb: É pura verdade.
Sc: Admitamos duas espécies de seres: visíveis e invisíveis. [Agora] haverá em nós alguma coisa mais, além da alma e do corpo?
Cb: Não.
Sc: [Então podemos dizer que o corpo pertence ao visível e a alma ao invisível?]
Cb: Sim
Sc: [E como podemos classificar o corpo e a alma de acordo com aquilo que permanece sempre o mesmo e portanto é imortal e aquilo que sempre muda?]
Cb: [...] a alma é em tudo semelhante ao que permanece sempre o mesmo [...]
Sc: E o corpo?
Cb: Em que é mais semelhante à outra espécie [do mútavel].
Sc: [Considera ainda isto], enquanto a alma e o corpo se encontram unidos, ordena a natureza que este sirva e obedeça e aquela mande e governe. Olhados sob este aspecto, qual te parece ser semelhante ao divino e qual ao mortal?
Cb: [a alma] assemelhe-se ao divino e o corpo ao mortal.
Sc: [...] Pode-se concluir que a alma tem grande semelhança com o divino, imortal, inteligível, uniforme, indissolúvel e que permanece sempre o mesmo e se comporta da mesma maneira; o corpo é um extrema semelhante ao humano, mortal, não inteligível, multiforme, dissolúvel e que nunca se comporta do mesmo modo.
Platão na boca de Sócrates admite a existência de um mundo invisível aos nossos olhos. Algo que está para além dos sentidos. Apesar de ser um conceito que no ocidente apenas os poetas tem a legitimidade de falar, é algo que sempre existiu no oriente e que também existia no ocidente, mas que a mente decartiana veio eliminar. Na Índia é obvio que existe algo para além dos sentidos que apenas pode ser percepcionado em estados mentais de profunda meditação, mas que são tão reais como a comida que ingerimos cada dia. A próprio mente pertence ao mundo do perceptível apesar de ser através dela que fazemos a ponte entre o visível e o invisível, mais precisamente através da anulação das actividades da mente (yoga cita vrtti nirodah: Yoga é a cessação das flutuações da mente, Yoga Sutra I.2).
Apesar de ser algo difícil de alcançar, este discernimento é um objectivo real dos yogis. No caso do Budismo, apesar de ser considerado uma filosofia nihlista, por considera que tudo é sofrimento, acredita-se através do esforço individual é possível a qualquer um de nós descobrir esse “divino, imortal, inteligível, uniforme, indissolúvel e que permanece sempre o mesmo e se comporta da mesma maneira”. Se não tentarmos não vamos saber.
Sócrates: Admitirão o Igual e o Belo em si mesmo [...] alguma vez a mínima mudança?
Cebes: Necessariamente.
Sc: E quanto à multidão de seres belos, como homens, cavalos, vestidos [...] quer sejam iguais, quer belos [...] permanecem sempre os mesmos?
Cb: É como dizes, jamais permanecem os mesmos?
Sc: [...] os podes tocar, ver ou perceber por meio de qualquer dos sentidos, ao passo que as coisas que são sempre da mesma maneira não é possível apreende-las, a não ser o pensamento, portanto são invísiveis e não as alcançam os olhos?
Cb: É pura verdade.
Sc: Admitamos duas espécies de seres: visíveis e invisíveis. [Agora] haverá em nós alguma coisa mais, além da alma e do corpo?
Cb: Não.
Sc: [Então podemos dizer que o corpo pertence ao visível e a alma ao invisível?]
Cb: Sim
Sc: [E como podemos classificar o corpo e a alma de acordo com aquilo que permanece sempre o mesmo e portanto é imortal e aquilo que sempre muda?]
Cb: [...] a alma é em tudo semelhante ao que permanece sempre o mesmo [...]
Sc: E o corpo?
Cb: Em que é mais semelhante à outra espécie [do mútavel].
Sc: [Considera ainda isto], enquanto a alma e o corpo se encontram unidos, ordena a natureza que este sirva e obedeça e aquela mande e governe. Olhados sob este aspecto, qual te parece ser semelhante ao divino e qual ao mortal?
Cb: [a alma] assemelhe-se ao divino e o corpo ao mortal.
Sc: [...] Pode-se concluir que a alma tem grande semelhança com o divino, imortal, inteligível, uniforme, indissolúvel e que permanece sempre o mesmo e se comporta da mesma maneira; o corpo é um extrema semelhante ao humano, mortal, não inteligível, multiforme, dissolúvel e que nunca se comporta do mesmo modo.
Platão na boca de Sócrates admite a existência de um mundo invisível aos nossos olhos. Algo que está para além dos sentidos. Apesar de ser um conceito que no ocidente apenas os poetas tem a legitimidade de falar, é algo que sempre existiu no oriente e que também existia no ocidente, mas que a mente decartiana veio eliminar. Na Índia é obvio que existe algo para além dos sentidos que apenas pode ser percepcionado em estados mentais de profunda meditação, mas que são tão reais como a comida que ingerimos cada dia. A próprio mente pertence ao mundo do perceptível apesar de ser através dela que fazemos a ponte entre o visível e o invisível, mais precisamente através da anulação das actividades da mente (yoga cita vrtti nirodah: Yoga é a cessação das flutuações da mente, Yoga Sutra I.2).
Apesar de ser algo difícil de alcançar, este discernimento é um objectivo real dos yogis. No caso do Budismo, apesar de ser considerado uma filosofia nihlista, por considera que tudo é sofrimento, acredita-se através do esforço individual é possível a qualquer um de nós descobrir esse “divino, imortal, inteligível, uniforme, indissolúvel e que permanece sempre o mesmo e se comporta da mesma maneira”. Se não tentarmos não vamos saber.
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