XSlave

Ex-trabalhadores por conta de outrém que se alforriaram e seguiram rumos completamente distintos!

domingo, outubro 29, 2006

Vida slow

Hoje folheei 3 revistas. A "Unica" do Expresso, o "Tabu" do Sol e a "XIS" do Público. Quer queira, quer não, encontro um reflexo da sociedade nas páginas destas publicações- Em cada uma delas encontrei um tema comum: "A necessidade de mudar". Na "Unica", Diogo Infante dá uma grande entrevista onde fala de si, como pessoa e como actor. Ao afirmar que vive na esperança de exigirem mais dele transmite a mensagem de procurarmos os nossos limites, de encontrarmos a nossa essência e de a capitalizarmos ao serviço dos outros. "Somos um país de preconceitos" afirma, para depois constatar que eliminar esses vicios da mente é uma das suas missões como actor, encenador e director artístico.
No "Tabu" a Vera conta a sua história de como abandonou o Marketing para fotografar grávidas. "Prazer de viver" é o mote da reportagem. O João despediu-se do banco para se dedicar ao trabalho social e à jardinagem. O Manuel saiu da Danone para se dedicar à venda de T-shirt e a Ana trocou o ensino pela mais aliciante das actividades: viajar.
Finalmente a "XIS" analisa e interpreta um novo movimento: O movimento slow. Compara o mundo fast em que vivemos com a tranquilidade que desejamos. Como a evolução da sociedade nos transporta de um mundo de caçadores-recolectores para uma situação que os japoneses caracterizam como "Karoshi": morte por trabalhar demais.
Como conclusão não posso deixar de sentir-me apreensivo pela maneira como a maioria das pessoas vivem actualmente e contente como muitas delas procuram uma vida slow e de como essa necessidade está cada vez mais consciente em nós como mostram estes artigos. Lentamente caminhamos para uma existência mais harmónica.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Carta aberta ao BES (anónimo)

Exmos Senhores Administradores do BES,
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.

Funcionaria desta forma: todos os meses os senhores e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal? Pois, ontem saí do meu BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como, todo e qualquer outro serviço. Além disso, impõe-me taxas. Uma "taxa de acesso ao pão", outra "taxa por guardar pão quente" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro. Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.
Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobraram-me preços de mercado. Assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão. Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri. Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao pão", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar. Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de conta". Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.
Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como "Papagaios". Para gerir o "papagaio", alguns gerentes sem escrúpulos cobravam "por fora", o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos.
Agora ao contrário de "por fora" temos muitos "por dentro". Pedi um extraxcto da minha conta - um unico extracto no mês - os senhores cobraram-me uma taxa de 1 €. Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 € "para a manutenção da conta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da rua". A surpresa não acabou: descobri outra taxa de 25 € a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quente".
Mas, os senhores são insaciáveis. A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer. Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações do v/. Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma? Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc, etc, etc. e que apesar de lamentarem muito e nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal.
Sei disso. Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais. Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma.

O mestre disse

Quem quiser ser líder, tem de servir primeiro. Se você quer liderar, tem de aprender a servir."
Jesus Cristo

terça-feira, outubro 24, 2006

Curtas Trocas

Tenho um novo projecto que se baseia em trocas. Aliás chama-se Curtas Trocas. Trocas de cartas entre duas pessoas de duas áreas diferentes, mas com muito em comum. O Yoga e o Teatro Dança. Eu escrevo sobre o Teatro Dança e a Raquel sobre o Yoga. A primeira reflexão já saiu. Que seja a primeira de muitas.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Obviamente demito-o

Vou voltar ao Kasparov. Este mestre do xadrez que trocou o mundo dos jogos de tabuleiro pelos jogos políticos assumiu um papel prepoderante no xadrez político Russo. Retirou-se da competição a 10 de Março de 2005 e fundou o movimento social Frente Civil Unida, cujo o propósito é impedir que a Rússia regresse ao totalitarismo.
Assumidamente anti-Putin, afirmou na sua recente visita a Portugal o mesmo que o nosso General Sem-Medo, Humberto Delgado quando lhe perguntaram o que faria o actual presidente Russo se fosse eleito. “Obviamente demito-o”. Uma afirmação perigosa tendo em conta que o seu homónimo português terminou a sua vida pouco tempo depois desta intervenção e numa semana em que uma jornalista russa (Anna Polisktavia) foi assinada por supostamente denunciar actos de violação dos Direitos Humanos do regime Russo na Tchetchenia. Termina dizendo que receia um desastre económico eminente: “A Rússia actualmente reúne o pior de Adam Smith e Karl Marx: toda a despesa é nacionalizada e todo o lucro é privatizado”.

Amit e Intuição

Amit Goswami um físico quântico candidato a prémio Nobel pelos seus estudos na área da consciência que esteve recentemente em Portugal para dar um seminário no qual estive presente deu recentemente uma entrevista À revista de economia do jornal “O Público” onde relacionava os seus estudo com a economia. Existem 4 níveis de consciência: O Físico (externo), o vital (emocional), mental (interno racional) e supramental (intuição). Ora todas as decisões têm sido tomadas de acordo como Físico e o Mental. Contudo nos últimos anos temos vindo a observar um crescendo na área do vital. Neste todas as comunicações para massas são baseadas no conceito do Marketing emocional. Dentro das empresas ainda não há espaço para que os processos sejam baseados nas componentes emocionais ou até supra-mentais. Amit diz que quando as pessoas aprenderem a tomar a decisões de acordo com a sua intuição naturalmente as relações entre os seres humanos serão mais harmónicas. O facto de as empresas estarem mais conscientes a nível ecológico é um sinal de que o ser humano está lentamente a evoluir para um estado de consciência supra-mental. Neste campo Amit está em harmonia com Kasparov (ver post anterior). Talvez estejam conectados a um nível supra-mental.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Kasparov e decisões

Kasparov foi o rei do xadrez durante muitos anos. O xadrez é aquele jogo onde se fala de muito de estratégia e inteligência. Fala-se de xadrez militar e comparam-se os mestres de guerra aos mestres de xadrez não fosse o xadrez um jogo de guerra onde o objectivo é matar o rei. Quem diz rei, diz imperador, líder ou quem quer que esteja no poder. Desta forma podemos concluír que qualquer guerra de poder está de alguma forma relacionada com o este magnifico jogo que quando jogado com afinco pode ser divertido emocionante e criativo. Só espero que os mestres das guerras de mísseis não se divertam como crianças quando ordenam o lançamento destes projecteis.
Voltando a Kasparov. Esteve agora recentemente em Lisboa a participar numa conferência sobre processos de tomada de decisões nas organizações. A analogia com o xadrez é quase imediata. Ele defende que qualquer que seja a tomada de decisão pode ser decomposto em componentes que são iguais quer estejamos na Casa Branca ou na cozinha. Dentro deste contexto define com objectividade táctica de estratégia: “Táctica é que se faz onde e quando há alguma coisa para fazer. Estratégia é o que se faz quando não há nada para fazer”. Esta, a estratégia, é portanto a única coisa que distingue jogadores humanos de computadores. Termina dizendo que é bom tomar decisões sobre pressão, tirando partido do lado positivo das emoções. “Aquilo que no fundo é o mais importante é também o mais desprezado: a intuição”.