XSlave

Ex-trabalhadores por conta de outrém que se alforriaram e seguiram rumos completamente distintos!

quinta-feira, junho 30, 2005

Emidio Correia 1899-2005

"O Homem deve arquitectar a sua vida com uma certa finalidade. Sem isso, vive no escuro, passa a vida a vegetar."
"Quando nos empenhamos na luta por um ideal, todos os combates são exaltantes."
"É preciso ter sorte para viver 100 anos e poder conhecer o grande poder potencial do espírito humano."
"Sou ateu. Um ateu é aquele que diz: não acredito num ser supremo com atributos divinos, mas só na razão humana."

Isto de um homem que viveu 3 séculos... Bem haja à sua alma.

quarta-feira, junho 29, 2005

Administração Bush

A filosofia da politca da administração Bush acenta num conjunto de preceitos idealizados por um conjunto de filosofos e pensadores. Para saber mais leia este lonnnnnnnnnngo artigo.

http://www.esoteric.msu.edu/VolumeVII/Secrecy.htm

terça-feira, junho 28, 2005

Quando o pequeno se torna grande

A Montanha da Água Lilás

Diz-se que em África as pessoas estão mais ligados à terra. Vivem mais de acordo comos ciclos naturais. Tendo em conta esta preposição é normal que os seus artistas produzam de acordo com tal constatação.
A literatura africana é um exemplo disso mesmo. Os famosissimos Pepetela e Mia Couto (Angolano e Moçambicano) são exemplos vivos disso mesmo. A sua escrita fluída como um rio, a sua arte de contar histótias encanta míudos e graúdos.
Pepetela escreveu, aqui atrasado, uma fábula intitulada, "A Montanha da Água Lilás". Um livro que ele próprio define uma fábula para todas as idades.
Faz uma analogia entre as sociedades tradicionais e a distorção que a luta por recursos pode introduzir nestas. Revela como as pessoas podem não ter consciência das consequências destes processos ainda que alguém lhes berre aos ouvidos. Tem de ser o tempo a dar a resposta.
Actualmente esta pequena obra-prima é representada pelo Teatro Meridional. Acaba Domingo. Aconcelha-se a quem pode e quer (quer o livro, quer a peça).

sexta-feira, junho 24, 2005

A frase mais memorável do cinema

"Frankly my dear, I don't give a damm"... disse Clark Gable (Rhett) a Vivien LEigh (Scarlett) no filme "E tudo o Vento levou".Esta foi considerada a frase mais memorável da história do cinema.Contudo eu não estou de acordo... para mim a frase..."Do not underestimate the power of the imperator"... disse Darth Vader aos seus opositores no Star Wars episode I ou II (não me lembro), é uma frase muito mais mítica... na minha opinião. Mas, como é óbvio, nem sempre podemos estar de acordo. Aliás muitas vezes pode mesmo ser impossível chegar a um acordo. Depois vem os desentendimentos, zangas, lutas, conflitos e guerras.Àcerca dos limites da discussão leia-se este post bastante interessante!

John Rawls by Elza Gonçalves (II)

Inspirado em Locke, Rousseau e Kant, John Rawls apresenta nesta obra os dois princípios que devem reger a sociedade justa.

Estes princípios formam o âmago da sua 'teoria de justiça como equidade'.

O primeiro princípio sobre a igualdade de direitos não oferece muitas dúvidas.

O segundo princípio tem suscitado mais debate e amiúde mais incompreensão. Este princípio diz que as desigualdades económicas e sociais devem ser distribuídas de forma a que (a) sejam em beneficio de todos e (b) decorram de posições e funções às quais todos tem acesso.

Ao contrário do que pode parecer, Rawls não defende a redistribuição do rendimento em função daqueles que possuem menos. Rawls não defende o modelo de estado-providência. Até o critica.

No prefácio que escreveu para a tradução portuguesa, em 1990, o filósofo americano precisa o seu conceito de ‘democracia de proprietários’ em que existem instituições de enquadramento.

A democracia de proprietários é caracterizada por um sistema de mercados de concorrência efectiva. As instituições de enquadramento tentam dispersar a propriedade da riqueza e do capital de modo a evitar que uma pequena parte da sociedade controle a economia e indirectamente, a própria vida politica.

A democracia de proprietários não aposta na redistribuição de rendimentos no fim de cada período mas procura garantir no inicio de cada período a generalização da propriedade dos factores produtivos e do capital humano (através da educação).

Diz-nos Rawls:
«A ideia não é simplesmente a de dar assistência àqueles que, por acidente ou infortúnio, dela necessitam, ainda que tal tenha de ser feito, mas antes a de colocar todos os cidadãos em posição de tratarem dos seus próprios assuntos e de tomarem parte na cooperação social, sobre uma base de respeito mútuo e sob condições adequadamente idênticas.»

Na verdade, para Rawls, o Estado Providência «pode permitir vastas desigualdades de riqueza incompatíveis com o justo valor das liberdades politicas».

A teoria da justiça como equidade deixa em aberto a questão de saber se os seus princípios serão melhor realizados por uma democracia de proprietários ou por um regime socialista liberal.

Para Rawls, há diversas estruturas básicas que parecem satisfazer os dois princípios.

Resta notar que há uma preocupação universalista no trabalho de Rawls já que uma das preocupações centrais da sua teoria é que ela possa no limite ser implementada por qualquer sociedade.

Além disso, esta teoria tem subjacente uma preocupação de ordenação social ou de estabilidade social, se quisermos. De certa maneira, Rawls quer lançar as bases de um sistema politico-filosofico que permita que pessoas diferentes com religiões e valores diferentes, possam cooperar e conviver no seio de um mesmo sistema.

quarta-feira, junho 22, 2005

John Rawls by Elza Gonçalves

As quase 500 páginas do livro «Uma teoria da Justiça» de John Rawls tratam de fundamentar os princípios da sua «teoria da justiça como equidade».

O termo original em inglês é «justice as fairness». «Fairness» pode ser traduzido por equidade como é o caso da opção feita na versão portuguesa. Podemos pensar também em imparcialidade, objectividade, ausência de preconceitos.

Para o que importa aqui, o termo «fairness» vai mais no sentido de «livre de favoritismo» do que de igualdade «tout court».

O que Rawls afirma nesta teoria é que as pessoas colocadas numa situação original escolheriam dois princípios de justiça:

O primeiro é o que postula igualdade de direitos e deveres. Na formulacao de Rawls: «cada pessoa deve ter um direito igual ao mais extenso sistema de liberdades básicas que seja compatível com um sistema de liberdades idêntico para as outras».

O segundo princípio diz que as desigualdades económicas e sociais devem ser distribuídas por forma a que sejam em beneficio de todos e devem decorrer de posições e funções as quais todas tem acesso.

Mas enumerados os dois princípios são agora necessárias certas precisões.

Por exemplo, o que é a situação original?


Os dois princípios referidos são os princípios que seriam aceites por pessoas livres e racionais colocadas numa situação inicial de igualdade e interessadas em prosseguir os seus próprios objectivos.

Estamos a falar de sujeitos morais com finalidades próprias e capazes de um sentido de justiça.


Há um condição para que isto seja possível: nesta situação hipotética, os princípios de justiça são escolhidos a partir de um véu de ignorância. Assim se garante que ninguém é beneficiado ou prejudicado na escolha daqueles princípios pelos resultados do acaso natural ou pela contingência das circunstâncias sociais.

A necessidade deste véu de ignorância é óbvia. Se as pessoas conhecessem a sua situação particular escolheriam princípios que beneficiariam essa situação.

Qual é a vantagem desta concepção de justiça? É que a sociedade se aproxima de um sistema voluntário em que cada um aceita os termos da organização social: as obrigações dos indivíduos não são impostas de fora mas auto-impostas.


O objectivo de Rawls é apresentar uma concepção de justiça que generaliza e eleva a um nível superior a teoria do contrato social de Locke, Rousseau (século XVII) e Kant (século XVIII).

Para compreender Rawls é fundamental perceber em que visão de sociedade assenta a sua teoria.

Ora para Rawls, embora uma sociedade seja uma tentativa de cooperação que visa obter vantagens mútuas, ela caracteriza-se simultaneamente, por um conflito e por uma identidade de interesses.

Há identidade de interesses porque a cooperação torna possível uma vida melhor do que aquela que cada um teria se tivesse de viver apenas pelos seus próprios esforços.

Afirma Rawls:
«Já que o bem-estar de todos depende de um sistema de cooperação sem o qual ninguém poderia ter uma vida satisfatória, a divisão dos benefícios deve ser feita, de modo a provocar a cooperação voluntária de todos os que nele tomam parte, incluindo os mais desfavorecidos.


Os críticos de Rawls costumam dizer que a sua teoria da justiça é uma abstracção. O que é uma crítica curiosa. Por duas razões. Em primeiro lugar, porque o próprio Rawls nunca disse o contrário.

É ele próprio que escreve que a igualdade original, a tal que pressupõe o véu de ignorância, deve ser vista como uma situação puramente hipotética que é caracterizada de forma a conduzir a uma certa concepção da justiça.

Em segundo lugar as ideias abstratas não são o contrário da prática. As ideias fundamentam as práticas e as práticas exprimem ideias, ou seja estão ambas intimamente ligadas.

De qualquer modo, a única teoria da justiça que poderia ser prática e não abstracta que se conhece é a que está subjacente à lei da selva.

Outro aspecto: Rawls é acusado de negar o princípio meritocrático. Mas Rawls não nega que as pessoas possam obter benefícios maiores em virtude das suas capacidades.

Rawls também não nega tout court a propriedade privada nem os bens herdados. A sua teoria da justiça como equidade pretende apenas garantir as bases de um acordo na base do qual os mais bem dotados ou os que tiveram mais sorte na sua posição social podem esperar obter a colaboração voluntária dos outros tendo em conta o bem-estar de todos.

Voltamos a questão fundamental: trata-se de saber como distribuir os benefícios decorrentes da cooperação.
Ninguém obtém tudo sozinho, então como determinar a parte que a cada um cabe?

Alias no prefácio à edicao portuguesa escrito em 1990, o autor deixa em aberto a questão de saber se os princípios da justiça serão melhor realizados por uma democracia de proprietários ou por um regime socialista liberal. É uma questão que cada país deve resolver.

John Rawls nasceu nos Estados Unidos em 1921 e morreu em 2002.

segunda-feira, junho 13, 2005

Urgentemente

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade (1923- 2005)

Que o poeta repouse no colo dos Deuses.

Os ideais

"Quando se tem um ideal, o mundo é grande em qualquer parte."

Alváro Cunhal (1913-2005) falando dos seus 11 anos na prisão.

Muitos relegam o estatuto de Álvaro Cunhal para um mero personagem histórico onde a apego aos seus ideais o torna de certa forma desactualizado e averso ao desenvolvimento.
Isto dito de pessoas que idolatram personagens como Napoleão, Júlio Cesar, Alexandre o Grande ou outros lideres de grandes impérios que mancharam as suas conquistas com litros de sangue incalculáveis.
Um homem que lutou pela liberdade e que nunca flutou, nunca duvidou. Só por isso merece toda a nossa admiração.
Que descanse em paz.

sábado, junho 11, 2005

Corpo vs Mente


Bhujapidasana

Podemos dizer que o corpo e a mente se podem unir. Pode até acontecer que o corpo supera a mente, mas para isso é preciso treinar o corpo tanto como a mente.

terça-feira, junho 07, 2005

Queremos uma república com Rei

Nuno da Câmara Pereira foi eleito presidente do Partido Popular Monárquico (PPM). Apresentam-se como uma alternativa democratica. Querem uma república com rei. Um partido que acredita que um rei pode trazer algo benéfico para o nosso país não deixa de ser estranho, dado que a maioria de nós nunca viveu num regime monárquico.
Eu pessoalmente sou relativamente céptico no que diz respeito à monarquia. Para que serve um rei? Substitui o Presidente da República? E as suas competências duram enquanto estiver vivo? Qual é a lógica? É porque o principe cresceu e foi educado especificamente para esse preceito e portanto está melhor preparado que a maioria de nós? Os exemplos ingleses deixam muito a desejar. O rei de Espanha matou o irmão mais velho num acidente de caça. Depois existem uns reis em países como a Dinamarca ou a Noruega que nunca ninguém ouviu a falar. E por fim, quem paga as despesas do supermercado ao rei? Terá um salário do estado!? Ou tem de se empregar na MIchelle K para sacar uns trocos de vez em quando!?

quarta-feira, junho 01, 2005

Um passeio

Fui dar um passeio pelo mundo e descobri que:

  • Os responsáveis da Abadia de Westminster, em Londres, proibiram as filmagens da adaptação do best seller «O Código da Vinci» ao grande écran nas instalações, por considerarem que o livro de Dan Brown é contrário à doutrina cristã.
  • Um israelita queimou no jardim de sua casa três milhões de shekels (cerca de meio milhão de euros), após uma discussão com a mulher sobre dinheiro.
  • O Dalai Lama foi acusado pelos responsáveis chineses de ser um separatista e estar a prejudicar a economia local. O líder de uma religião que nunca provocou qualquer guerra nos seus 2500 anos de existência (não tenho 100% de certeza disto) é acusado de sublevação contra um governo que esmagou completamente o seu povo e aniquilou a sua cultura nos últimos 50 anos.
  • O CDS-PP propôs esta quarta-feira a criação de um «dia mundial da criança por nascer». O partido de direita pretende sensibilizar os portugueses para a necessidade de o Estado dar protecção legal à «vida humana e intra-uterina».

Foi então que resolvi voltar para casa.