XSlave

Ex-trabalhadores por conta de outrém que se alforriaram e seguiram rumos completamente distintos!

terça-feira, março 29, 2005

Monstro e Companhia

No Público de domingo vinha uma notícia preocupante sobre a China. O país mais populoso do mundo com 1,298,847,624 de pessoas e uma área de 9,596,960 km² (só ultrapassada pelos EUA, Canadá e Rússia – de notar que Portugal possui uma área de 92,391 Km2 , aproximadamente 135 vezes mais pequeno) exerce actualmente um poderio assustador sobre os seus vizinhos. Assusta economicamente, mas assusta também militarmente.
Ora vejamos:

1) As duas maiores regiões da China são precisamente Xinjiang e o Tibete que possuem respectivamente uma área de 1,660,000 km² e 1,228,400 km². Contudo as suas populações são ínfimas quando comparadas com a grande China. Temos o Xinjiang com 19,050,000 e o Tibete com 2,670,000 (apenas um quarto da população portuguesa). Por razões económicas, políticas e geográficas a China tem mantido estes dois territórios sob o seu controlo por modos muitos discutíveis. O famoso Tibete foi alvo de uma anexação não reconhecida internacionalmente no ano de 1959 e, assim como Xinjiang, tem sido alvo de uma aculturação agressiva onde as autoridades tentam a todo o custo impor a cultura chinesa apagando lentamente os costumes e religiões locais. O caso da província de Xinjiang foi alvo de um artigo no Público onde revelam a migração forçada de chineses para aquela região (à semelhança do que Franco fizera na Catalunha) e atribuição de privilégios a estes novos habitantes em detrimento dos antigos proprietários. Canibalização cultural é o termo usado ao mesmo tempo que tem usado a onda anti-terrorista que assolou o mundo para esmagar vários grupos pró-independentistas da região.

2) Taiwan: Esta é outra região que a China assume ter sob o seu controle, mas que a maioria dos seus habitantes se recusa a aceitar. Ao aprovar recentemente uma lei anti-secessão, que legitima o uso da força no caso de o Taiwan proclamar independência, está a dar luz verde para que os seus militares reprimam qualquer tentativa de insurreição. Afinal a população apenas quer aquilo que a China (e mais ninguém) admite ser seu por direito: A liberdade.

3) Finalmente temos as relações com a India: Existem várias divergências. A India contesta que a China governe as terras desertas de Aksai Chin, no planalto do Tibete, terras essas que Pequim ocupou aquando da guerra de 1962, ao entrar no estado indiano de Jammu e Caxemira.Por seu turno, a China reivindica 90.000 quilómetros quadrados de território administrado pela Índia na parte oriental da fronteira, essencialmente no estado de Arunachal Pradesh.

Numa altura em que lutamos em todo o mundo pela instituição da democracia o país que maior poderio tem vindo a adquirir não demonstra quaisquer vestígios de o ser. Também é verdade que cada vez que votamos, votamos nos políticos, sendo que actualmente é o poder económico que governa, e esse, não está sujeito ao sufrágio universal. É permanente, hereditário e exponencial (tal como as monarquias). Pode ser que daqui a alguns séculos se desmorone.

domingo, março 27, 2005

Urbi et Orbi

Hoje é domingo de Páscoa. Será o dia mais importante do ano para todos os cristãos do mundo. O dia em que Cristo Ressuscitado mostra ao mundo a razão do seu sofrimento. A razão pela qual carregou a cruz dos nossos pecados e morreu por eles. Foi ele o único a conseguir ser completamente livre. Foi preso e humilhado, mas a sua mente foi a única a ser verdadeiramente livre.

Para celebrar este momento, na cidade do Vaticano, o papa dirige uma bênção a todos os católicos do mundo. É a bênção “Urbi et Orbi”, que significa literalmente “cidade e mundo”. É um momento onde o Papa indica quais serão os desejos de todos os católicos para o mundo. Desejos estes escritos pelos cardeais cobertos por telhados de ouro. Desejos estes que devem ser iguais entre todos os católicos, retirando desta forma a liberdade de todos aqueles por quem Cristo sofreu e morreu.

Uma bênção que este ano foi lida por um qualquer cardeal limitando-se o Papa a acenar da sua janela, gesto este que foi suficiente para derramar lágrimas entre os fiéis. Assim acontece porque estes acreditam, acreditam que são ou podem ser livres, e às vezes acreditar é suficiente.

Boa Páscoa.

sábado, março 26, 2005

Comentários insignificantes e a insignificância

Não gosto de comentários. Ninguém lê comentários. Dizem que são importantes, mas quantos de nós é que lêem as letras pequeninas dos nossos contractos. São coisas chatas e difíceis de ler. Por isso prefiro escrever um texto que comenta outro do que propriamente comenta-lo directamente.


Só para continuar aquilo que o Zenite disse acerca da nossa insignificância cito Bill Bryson no seu "Breve história de quase tudo":

Carl Sagan calculou que o número provável de planetas no universo em geral fosse de 10 biliões de triliões - um número muito além da nossa capacidade de imaginação. Mas o que também está para além da nossa imaginação é a quantidade de espaço pela qual estão espalhados. "Se fôssemos colocados ao calhas dentro do universo", escreveu Sagan, "a probabilidade de ficar num planeta, ou perto de um, seria inferior a um num bilião de trilião de trilião." (isto é, 10(power 33), ou um 1 seguido de 33 zeros). "Os mundos são preciosos".

quinta-feira, março 24, 2005

Portugal no Seu Melhor

Há uns dias atrás dirigi-me a uma loja de ferragens para fazer uma cópia de uma chave.

Após a prestação desse serviço solicitei, como sempre deve ser feito, uma factura, para o que forneci ao senhor que me atendeu na loja, o meu cartão de contribuinte.

Só para verem o quão pouco frequente é, neste país, ser pedido uma factura, quero que saibam que o referido senhor preencheu, na dita, o campo nome com: “Direcção Geral de Impostos”, que de facto é o que está escrito na primeira linha do meu cartão de contribuinte.

quinta-feira, março 17, 2005

Corpo

Ecossistemas complexos e inertes que nós somos. Por vezes parece que sinto o peso dos biliões de seres vivos e colónias que transporto. Outras vezes sinto-me leve e solto. Parece que consigo voar.

Estranha coisa esta que nós somos. Um agregado infindável de particulas. Uma complexidade sem compreensão. Sinto-me tão pequeno, mesmo sabendo que sou enorme e incomensurável.

Dúvidas metafísicas elementares. Questões simples e inatas de qualquer pessoa pensante, mas que pela sua carência de resposta não deixam de assolar qualquer um de nós.

terça-feira, março 01, 2005

A propriedade

Desde da passada sexta-feira que faço parte do lote dos previligiados que são proprietários. A minha grande questão é essa mesma: Será que sou um previligiado? Acabei de assinar um contracto que me condena a usar metade do meu ordenado só para o manter durante os próximos 30 anos. Será que em vez de procurar cada dia uma vida mais simples me estou a deixar envolver pelos tentáculos de um sistema onde o ter é sinónimo de sucesso? Não sei, sinceramente não sei.